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24/09/2018

Entenda as causas e aprenda a evitar as perdas de fluidos refrigerantes.

Os vazamentos de fluidos refrigerantes são problemas que precisam ser evitados. Afinal, eles provocam prejuízos econômicos, pois é necessário fazer o reparo e repor o gás que vazou. Ao mesmo tempo, em muitos casos, causam sérios danos ambientais: CFCs, HCFCs e HFCs, quando escapam para a atmosfera, geram impactos significativos na camada de ozônio e contribuem para o aquecimento global.

A manutenção preventiva regular ajuda a evitar as fugas ou a identificá-las logo em seu início, minimizando os problemas mencionados acima.

Alguns dos principais indícios de que está ocorrendo vazamento de gás são:

• Perda de performance do refrigerador, com o compressor funcionando;

• Presença de umidade no compressor;

• Presença de óleo ao redor de uma conexão.

Nos sistemas domésticos, uma perda pequena já prejudica bastante o funcionamento. No caso dos hidrocarbonetos (como o R600a), o impacto de qualquer vazamento é ainda maior, pois a carga de gás é reduzida.

Já nos sistemas de refrigeração comercial, pequenos vazamentos às vezes demoram a ser percebidos, porque a carga total é maior. Por isso é que esses sistemas demandam uma atenção maior dos técnicos e dos proprietários dos estabelecimentos onde estão instalados. Esse cuidado é ainda mais importante porque a perda de fluido refrigerante afeta a saúde financeira do negócio: além do custo do produto para a reposição, é preciso pagar ao técnico que fará o serviço e ainda podem ocorrer prejuízos em função da desativação temporária do equipamento que será reparado.

Diversos estudos realizados no Brasil mostram que ainda persiste, em muitos supermercados, a tendência de apenas fazer a recarga do fluido refrigerante, sem buscar as causas que levaram à sua perda. É preciso destacar que essa recarga do sistema não deve ser feita sem antes ter verificado as causas de vazamento e feito o reparo. Essa prática incorreta gera gastos desnecessários e provoca impacto ambiental. Lembre-se e oriente seus clientes: não adianta colocar mais fluido refrigerante sem eliminar a causa do problema!

As causas

Os motivos para que ocorram vazamentos são muito variados. Nos refrigeradores domésticos, é comum que tenham origem na utilização de instrumentos perfurantes (como facas ou chaves de fenda) pelo consumidor, para retirar o gelo acumulado. Essa é uma prática não recomendada – e os manuais dos equipamentos destacam isso –, mas muita gente ainda a utiliza, gerando danos no evaporador. Ao verificar que a causa foi essa, o técnico deve orientar seu cliente para não voltar a fazer isso.

O excesso de vibração ou a fadiga dos materiais podem provocar microtrincas, que em geral não são visíveis a olho nu. O mesmo acontece com a manipulação muito intensa do equipamento, tanto na sua utilização normal (especialmente nas operações em locais como supermercados) como no transporte. Os microvazamentos que ocorrem nesses casos podem ser difíceis de localizar, o que algumas vezes acarreta a condenação do equipamento. Isso torna ainda mais importante adotar medidas preventivas para evitar esses problemas.

A verificação de possíveis vazamentos deve ser cuidadosa, com ênfase especialmente nos locais onde eles ocorrem com mais frequência:

• Junções e conexões ao longo da tubulação, como porcas e flanges, assim como pontos de fixação;

• Pontos de solda (devido a soldas malfeitas ou pelo uso de material inadequado para a solda do metal da tubulação); 

• Pontos de curvatura da tubulação (a tubulação fica mais fina no local da dobra, o que pode gerar pequenas fissuras quando se transporta o equipamento ou quando ele sofre choques mecânicos);

• Evaporadores;

• Condensadores.

Vazamentos ocorrem também quando se deixa a válvula Schrader conectada no sistema. Essa é uma dica importante a ser levada em conta!

Outra recomendação essencial é estar atento para conservar o fluido refrigerante nas atividades de manutenção e reparo (o que inclui a troca do compressor), evitando a sua fuga.

Como detectar vazamentos

O mais tradicional e conhecido método para identificar vazamentos de fluidos refrigerantes é o teste das bolhas, colocando-se água com sabão sobre a área suspeita: se formar bolhas, é porque está vazando. É um jeito simples de verificar esse problema, que não envolve nenhuma tecnologia, mas que em geral dá resultado, especialmente quando não se trata de microvazamentos.

Com uma lógica similar, é utilizado o teste de imersão, mergulhando a peça ou componente em água, onde a formação de bolhas indica a existência de um furo, fissura ou trinca.

Os líquidos detectores de fuga são uma evolução desses métodos, seguindo também o princípio da formação de bolhas.

Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos mais modernos, que apontam com maior precisão a existência de problemas que resultam em vazamentos de fluidos refrigerantes. 

Um exemplo são os corantes fluorescentes, que não são visíveis na luz normal, mas apenas com luz ultravioleta (UV). Em geral, são colocados no óleo lubrificante de refrigeração quando é feita alguma manutenção no sistema. O vazamento é percebido se algum corante tiver escapado do sistema, o que pode ser visto com a luz UV.

Existem também vários modelos de detectores eletrônicos de fuga. Contam com sensores e normalmente possuem um display de LED para indicar vazamentos. De forma básica, eles podem ser classificados em três tipos:

• Detectores Não Seletivos: detectam qualquer tipo de emissão ou vapor presente, independente da sua composição química.

• Detectores Seletivos de Halogenados: incorporam um sensor especial que permite detectar a presença de elementos como flúor, cloro, bromo e iodo. Com isso, detectam possíveis vazamentos de fluidos refrigerantes como os CFCs, HCFCs e HFCs.

• Detectores Específicos para Compostos: são os modelos mais sofisticados e também os mais caros. Conseguem identificar a presença de um único composto. Apresentam maior precisão na identificação de vazamentos de CFCs, HCFCs e HFCs.

Cuidados específicos com hidrocarbonetos 

Por serem inflamáveis, os hidrocarbonetos (R290 e R600a) podem gerar preocupação aos técnicos em caso de vazamentos. Lembramos mais uma vez que seu uso é seguro, bastando tomar alguns cuidados básicos.

Primeiramente, antes de começar o serviço em um equipamento com R290 ou R600a, certifique-se de que não há fontes de ignição no local e de que ele é bem ventilado.  Por precaução, tenha um extintor de incêndio à mão. 

A utilização de um detector de vazamentos adequado a hidrocarbonetos também é recomendável (como esses fluidos são mais pesados que o ar, o detector deve ser mantido a baixa altura).

Sendo necessário soldar tubulações para eliminar o vazamento, é fundamental certificar-se de que a tubulação está totalmente isenta de isobutano ou propano. 

O maçarico só deve ser usado depois disso, para não haver riscos. Uma medida importante é passar uma carga de nitrogênio na tubulação, para retirar todos os resquícios de fluido refrigerante inflamável.

No lugar da solda, pode-se optar também, com total segurança, pela utilização do sistema Lokring, que evita a necessidade de maçarico .

Outra dica importante, no caso de troca de compressor: o isobutano ou propano do sistema podem ser recolhidos em um recipiente fechado. Diferentemente do que acontece com outras substâncias, os hidrocarbonetos podem, também, ser liberados em um ambiente bem ventilado. Não há problemas com isso, pois eles não provocam danos à camada de ozônio nem têm impacto significativo no aquecimento global.

Fonte: Refrigeration Club

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